Queda histórica na taxa básica de juros ajudará mercado imobiliário a se reerguer
Após cair mais 0,75 ponto percentual neste mês, a taxa básica de juros (Selic) chegou a 3% ao ano e atingiu, mais uma vez, o menor patamar da história. Além de ser uma tentativa do Banco Central (BC) para estimular a economia em uma cenário totalmente desfavorável como o atual, os seguidos cortes também devem ajudar alguns setores a se reerguerem mais rapidamente após a crise, como é o caso do mercado imobiliário, já que as instituições financeiras tendem a reduzir suas taxas de financiamento com o tempo.
Presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias afirma que o atual valor da Selic já revela um cenário “muito favorável” para a retomada do setor imobiliário, posto que permite que diversas famílias de menor renda tenham a possibilidade de conseguir um financiamento mais facilmente. “Isso sem falar que deve ajudar muitas pessoas a reduzirem o tempo de pagamento das parcelas, ou conseguirem acesso a imóveis mais caros”, diz. Ele destaca, ainda, que “o déficit habitacional ainda é muito grande e, com os incentivos dados pelos bancos, as empresas terão retomadas mais seguras”.
Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que pode promover um novo corte de 0,75 ponto percentual na Selic em junho, “para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19”, informou o colegiado.
Para Patriolino, outra queda na taxa básica de juros seria “o melhor dos mundos” para o mercado imobiliário, mas ele alerta que, em um cenário econômico adverso, a efetiva retomada do setor dependerá também de outros fatores. “Para adquirir um imóvel, as pessoas precisam ter estabilidade econômica. Assim, tudo vai depender das medidas adotadas pelo Governo Federal e quanto tempo a crise vai demorar”.
Conforme cálculos feitos pela plataforma digital Melhortaxa, a diferença entre a Selic e a taxa média de crédito imobiliário efetivamente praticada pelos grandes bancos era de 2,56 pontos percentuais em novembro de 2019 (5% e 7,56%, respectivamente) e, atualmente, passou a ser de 4,51 pontos percentuais (3% e 7,51%). Para Rafael Sasso, cofundador da plataforma, o aumento desta diferença pressiona as instituições financeiras a reverem suas condições, mesmo que isso não aconteça tão rapidamente. “Essa reação não deve ser imediata, demorando um pouco mais por conta do clima de incerteza”, comenta.
Rafael destaca, ainda, que, mesmo que os bancos demorem a repassar a queda da Selic para os juros imobiliários, o Brasil já possui, atualmente, as taxas mais baixas dos últimos anos no mercado imobiliário. “Ainda há boas oportunidades para novos e antigos tomadores. Nós tivemos um aumento de 55% nos pedidos de crédito imobiliário feitos na nossa plataforma em abril, em relação a março, e também há uma grande procura pela portabilidade”, afirma. “Acredito que, nos próximos meses, com a retomada da economia, há maior probabilidade de um repasse mais forte para as taxas de crédito imobiliário”, complementa.
O crescimento da portabilidade, inclusive, foi outro fator que aumentou a pressão sobre a concorrência bancária, tendo em vista que possibilita que quem já havia tomado um crédito mais caro no passado possa buscar condições melhores. Para o cofundador da Melhortaxa, isso também deve ajudar na queda dos juros. “O principal efeito é que o comprador não precisa ficar esperando a taxa de juros cair. Ele pode efetuar uma compra e, se a taxa cair significativamente no futuro, fazer uma portabilidade”, acrescenta Rafael Sasso.
Fonte: Ariquemesonline